terça-feira, 13 de abril de 2010

A POBRE TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


Nos últimos dias temos visto muitas pessoas confusas e sem muito entendimento, questionando- se o que estaria errado na teologia da prosperidade. Antes de qualquer coisa é preciso entender o que é essa linha de pensamento teológico que vem trazendo muitos descontentamentos no meio evangélico em geral. A chamada teologia da prosperidade, que também pode ser nomeada de confissão positiva, ou evangelho da saúde e da prosperidade, surgiu nos Estados Unidos no inicio do séc. XX. Basicamente a doutrina desta corrente é de que os que são fieis de forma verdadeira, devem gozar de plena saúde e de uma abastada vida financeira, ou seja, se você serve a Deus não pode passar por apuros financeiros ou por problemas de saúde. Hoje, muitos homens conhecidos mundialmente, difundem a teologia da prosperidade pelos países onde passam, entre eles figuram nomes como: Benny Hinn, David (Paul) Yonggi Cho, Mike Murdock e Morris Cerulo, homens que vendem milhões de livros sobre o este tema. Aqui no Brasil, o mais famoso nome relacionado à teologia da prosperidade, é o do Bispo fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, mas nomes como o de R.R. Soares, Marco Feliciano, Estevam Hernandes, Waldomiro Santiago e, Sillas Malafaia têm muitas de suas pregações fundamentadas na teologia da prosperidade, e são nacionalmente conhecidos.

Mas qual é o problema de teologia da prosperidade? É indubitável que pregadores desta corrente atrem a atenção de milhões de pessoas, realizam eventos megapirofágicos, estão massivamente na mídia e, sim! Levam muita gente a conhecer o evangélho por seu trabalho, e nisto não há mal algum, o nome de Jesus deve ser sempre anuncuido e não importa os meios. Mas a quetão não implica somente nisto, o problema que envlove todo esse embrólio religioso, é que muitas pessoas vêm a Cristo, não porque são tocadas, reconhecendo suas debilidades, ou a soberania de Jesus em tudo, ou ainda porque reconhecem em sí mesmas a necessidade de amá-lo de todo o corção, mas são levadas à conversão pelo o que podem receber de Deus se “semearem” valores estabelecidos pelos oradores que baseados em textos fora de contextos, insentivam apenas a este “semear”, e na maioria dos casos não estimulam às pessoas a honrar ao Senhor, amá-lo sobre todas as coisas, serví-lo de todo o coração e em qualquer circuntância.

Esta forma de entendimento, está formando crentes raquíticos que não conhecem a palavra, pois não são ensinados. A teologia da properidade incentiva ao consumismo, leva às futilidades e apego demasiado ao dinheiro, contrariando totalmente o que diz a palavra de Deus (Mt. 6:19-21). Muitos têm visto Deus como um gordo e avaro banqueiro, que está sempre pronto a repartir as suas benesses para quem pagar bem, assim, o fiel é aquele que paga e o faz pela fé. Em muitos lugares o significado de oferta perdeu o sentido original, o apóstolo Paulo quando fala em sua segunda carta aos coríntios cap. 9 verso 7, diz claramente para que cada um contribua o que lhe vier ao coração, com alegria e não por tristeza nem tão pouco por obrigação. Mas hoje o sentido dado à oferta tem uma conotação de troca, se alguém der um determinado valor receberá uma recompensa divina, mas o que estão deixando de lado é o fato de que Deus não se deixa manipular por quem quer que seja. As ofertas devem ser para o mantimento da obra e para auxílio dos necessitados, isto é o que está contido em 2ª Co. 9, aqui Paulo está falando aos coríntios da oferta prometida por eles aos pobres irmãos da Judéia e não para que ele comprasse um vultuoso navio para suas viagens missionárias.

Na verdade o que tudo isto tem gerado, são decepções, fragorosas decepções de muitos, ao passo que suas expectativas de frutuosas bênçãos em função de uma determinada semente, não chegam, culpam Deus por algo que ele não prometeu, e em muitos casos acabam voltando para o lugar de onde nunca saíram, suas vidas egoístas e vazias, baseadas apenas nos seus bens e na força de seus braços, isto porque seus corações nunca estiveram de forma verdadeira em Deus e no seu amor (Mt 6:19-21 e 19:21).

Mas se você estiver se perguntando agora se deve ou não ofertar e dizimar, a resposta é sim, isto é bíblico (GN. 14:20 – Lv. 27:32 – Nm. 18:21, 26, 28 – 2ºCr. 31:12 – Ml. 3:10) . Devemos ofertar e dizimar, mas isto não tem nada de troca financeira ou de vantagens, e sim fidelidade a Deus. Ofertamos por que somos fiéis e gratos pelo amor do senhor por nós, e não por que temos a ambição de adquirirmos algum bem muito valioso, como: Um carro ou uma casa e aí por diante. Se você for fiel a Deus em todas as coisas, no seu agir, no seu pensar, no seu falar, honrando ao Senhor com sua vida, certamente Deus irá te abençoar abundantemente, mas isto não quer dizer que não passará por alguns momentos difíceis, mesmo por que o Senhor permite que nos venham provações, tal como foi com Jó, e isto não quer dizer que você esteja em pecado, como dizem os muitos adeptos da teologia da prosperidade, “...Se você está passando por necessidades e dificuldades, é por causa do pecado, de demônios e da sua falta de fé...” Mas talvez, as dificuldades enfrentadas por alguém no entanto, sejam por falta de ensino, pouca experiência, falta de organização, discernimento, e até mesmo por preguiça, estes casos não são de cunho espiritual, e sim de atitude e de caráter, e devem ser tratados como tal.

Outro ponto pertinente, que não deve ser deixado de lado, é a idéia equivocada de retribuição, onde se exprime o seguinte: “Se você fizer a sua parte, Deus fará a dEle, entretanto, se você deixar de fazer a sua parte, então Deus nada fará.” Este é um entendimento incongruente com relação à palavra de Deus, ou seja, está em desacordo com o que a bíblia diz no salmo 103:3-18, que revela-nos a profunda misericórdia do Senhor pelo homem, e Seu reconhecimento de que somos errantes, e assim não nos trata segundo os nossos pecados nem nos recompensa segundo nossas iniqüidades (vs10), isto implica no seguinte, Ele não nos castiga como merecemos pelos nossos pecados e maldades, mas, por sua graça nos perdoa e nos cura de todas as nossas enfermidades, e como um pai bondoso abençoa a todos quantos cumprem os seus estatutos e mandamentos, guardando sua aliança que vem por intermédio da obra redentora de Jesus Cristo na cruz. Desta forma, vai-se na contra-mão do que diz a teologia da prosperidade, de que se deve sacrificar, ter uma contra-partida para obter a resposta do Senhor naquilo que se busca, e este é um grande equivoco desta teologia, que numa visão mais abrangente tende a anular a graça de Deus para com o homem, preterindo-a pela “lei” da retribuição: Pagou, Levou.

A Teologia da prosperidade impõe a idéia de que não se pode ser um derrotado, e isto é mesmo verdade, mas, no entanto, não expõe que segundo seus conceitos, ser um derrotado, em tese, é ter um salário de menos de mil reais por mês, acordar cedo para ir ao trabalho, etc. E aí está mais um grande erro desta teoria teológica, pois leva as pessoas ao pensamento inverídico de que ser pobre é algo deplorável e pormenorizado, o que para tanto, biblicamente não se encontra base alguma. Muitos dos homens que difundem a teologia da prosperidade, de fato são prósperos, talvez pelo fato de nunca terem sido pobres, ou seja, nasceram em “berços de ouro” e realmente não sabem o que é viver de forma modesta ou quanto custa viver do próprio suor, como diz a palavra de Deus, que o homem comeria do fruto do seu trabalho. É óbvio que devemos sempre buscar a melhoria das nossas condições de vida, mas de forma consciente, através do trabalho e da fidelidade ao Senhor em todos os aspectos. Desta forma seremos abençoados como foi o rei Salomão (2ªCr. 1:10-12), que não pediu riquezas a Deus, e sim sabedoria, e pela sua humildade e subserviência, foi abundantemente favorecido por Deus até o momento em que se manteve íntegro diante do Senhor. Que nestes dias possamos nós crescer no conhecimento da palavra da verdade, e termos como alvo a salvação dos perdidos e não as riquezas que Deus pode nos dar, pois de nada vale sermos abastados materialmente e miseráveis diante de dEle.

No amor de Cristo,
Luis Fernando Souza

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