Deus é pop entre jovens brasileiros. Uma recente pesquisa do instituto alemão Bertelsmann Stiffun publicada na Revista Época de 15 de junho de 2009 [1] em matéria de capa sob o título “Deus é pop”, concluiu que 95% dos jovens brasileiros entre 18 e 29 anos se consideram religiosos ou profundamente religiosos. Num conjunto de 21 países, o Brasil passou a ocupar a 3ª posição, ficando atrás apenas dos nigerianos e guatemaltecos!
De acordo com especialistas ouvidos pela revista, os dados da pesquisa referentes à religiosidade brasileira se consolidam por diversos fatores. A liberdade religiosa no país, a busca pela experimentação de uma novidade religiosa incrementada pelos meios de comunicação, principalmente a internet, a busca pela “verdade” individual, a solução de algumas angústias pessoais presentes nos indivíduos dessa faixa etária, e a aventura de escolher e percorrer o seu próprio caminho é apenas alguns dos fatores que influenciam decisivamente na realidade religiosa do jovem brasileiro.
Nesse contexto, a revista fez questão de destacar as transformações religiosas que vem ocorrendo nos últimos anos em relação à religiosidade dos jovens, principalmente no que tange ao surgimento de novas igrejas e movimentos religiosos criados para atender especificamente a um publico que procura expressar a sua fé de maneira diferenciada. Nesse caso, destaca-se a criação de igrejas e movimentos segmentados especificamente para cada publico: metaleiros, gays, lutadores e praticantes de artes marciais, dentre outros. Um fator sem precedentes na história religiosa do país e de todo o mundo.
Embora os jovens brasileiros se estaquem pela sua religiosidade, a pesquisa mostra um dado intrigante: mesmo se considerando religiosos ou profundamente religiosos apenas 35% deles levam a sério a prática dos preceitos propostos pela religião que professam. Segundo uma especialista ouvida pela Revista Época, “... a religião para o jovem brasileiro é mais declarada do que vivida”, o que significa que muitos deles “possuem fé, mas não aceitam o pacote pronto institucional” proposto pelas religiões.
As oposições
Embora a pesquisa tenha concluído que os jovens brasileiros acreditem na existência de Deus e em sua interferência no cotidiano de suas vidas, na importância da oração e da religião sobre a política, os dados relacionados a sua confiança nos princípios religiosos é bastante baixo: cerca de 26% deles duvidam dos princípios ensinados e propostos pelas igrejas e instituições religiosas, um alarmante contraste! A realidade da religiosidade do jovem brasileiro é um fato positivo, porém quando a examinamos em um contexto de qualidade espiritual de vida, a religião em si não possui eficácia de transformação da sociedade.
O teólogo católico Fernando Altmeyer, professor na PUC em São Paulo, ouvido pela revista, acredita que os jovens possuem dificuldades em seguir os preceitos religiosos pelo fato da religião utilizar-se de um discurso que deixa de fora a contextualização dos valores e princípios, obstruindo o entendimento. Embora ele aplique esse fato à realidade da Igreja Romana, é um fato também ligado a realidade do protestantismo no país, uma preocupação cada vez mais pertinente a liderança das igrejas e instituições.
De fato, os valores imutáveis da palavra de Deus jamais poderão sofrer detrimento para se alcançar a popularidade, no entanto faz- se necessário um discurso que tenha por preocupação o convencimento saudável e compometido com base nas escrituras.
Conformismo
De acordo com especialistas ouvidos pela revista, os movimentos religiosos, principalmente alguns ditos “evangélicos” tem demonstrado interesse em remodelar seus princípios e valores de acordo com as “pedidas” da sociedade hodierna, e dentre outros fatores, esses movimentos tem logrado êxito na conquista de números cada vez maiores de segmentos da sociedade desinteressados com conjunto de preceitos religiosos propostos pelos movimentos conservadores.
Preocupados com uma integração descompromissada com os valores tradicionais, a boa religiosidade perde a sua eficácia como agente de transformação do ser humano por conformar-se com o presente século, o que tem produzido uma sociedade cada vez mais desregrada que, embora cada vez mais religiosa, coloca-se cada vez mais distante dos princípios absolutos e imutáveis da palavra de Deus. Em carta dirigida aos cristãos em Roma, o apóstolo Paulo disse: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” [2]. Assim, inferimos do texto sagrado que a renovação da mente (dos pensamentos, ideais e propósitos) é antagônica ao modelo presente nos discursos propostos pela mídia e pela pressão da sociedade de adaptação aos valores em que estamos inseridos.
Religiosidade ou espiritualidade? Eis a questão!
Para alcançar a vontade de Deus e vivê-la em plenitude, experimentando sua agradabilidade, perfeição e bondade é necessário uma atitude de renovação, que começa no coração e se desenvolve no exterior. Isso é o que podemos chamar de verdadeira espiritualidade. O desejo de Deus é de que sejamos cada vez mais espirituais, a fim de obtermos uma melhor qualidade de comunhão com Ele. Você esta disposto a viver essa qualidade de vida espiritual?
Sidnei Moura é líder de jovens na AD em São Carlos - SP, estudante de Letras e Teologia
Acesse blog Sidnei Moura: www.sidneiemoura.blogspot.com
Notas:
[1]Revista Época – nº 578 – 15 de junho de 2009
[2] Romanos 12:2 - Nova Versão Internacional
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